Oi gente!
Tudo bom com vocês?!
Um amigo recentemente me enviou um link de uma entrevista da escritora Thalita Rebouças ( Vou deixar o link no final da página). Ela, de forma muito bem humorada fala de vários momentos da sua carreira de escritora. Na entrevista ela conta ( entre outras coisas) com bom humor sua primeira experiência na Bienal.
Ela fala da falta de público, a frustração que sentiu e até o constrangimento de ficar ali, parada esperando por um público que não compareceu e como ela reagiu a situação foi um aula de como o mundo dá voltas!
Deste episódio, uma frase ficou martelando na minha cabeça: "Fiquei uma hora e meia invisível, e decidi fazer do limão uma limonada".
Pois é. Quem nunca passou por uma situação assim?
Eu já.
Na verdade, já passei por várias situações assim ao longo da minha vida onde vivenciei uma profunda sensação de frustração e fracasso. E é por isso que a entrevista da Thalita me ensinou uma valiosa lição:
Não importa se a situação te deixa prostrada no chão, que a sensação de fracasso te consuma momentaneamente... o que realmente importa é como você vai se erguer do tombo.
E eu SEMPRE me ergo. SEMPRE.
Vendo a Thalita fazer piada de uma situação assim, não pude deixar de pensar que o que faz o sucesso virar sucesso e o fracasso tornar-se fracasso, é a maneira como você se ergue. Não é nenhuma vergonha se reorganizar, mudar planos e objetivos para alcançar sua meta. Vergonha mesmo é permanecer lá, no chão.
Faça do limão uma limonada.
Adorei a entrevista.
Aprendi muito com ela.
Assim, deixo para todos um crônica de uma das minhas autoras favoritas a Martha Medeiros que trata do fracasso.
É um pouco longa, mas vale muito à pena ler.
Sheila Guedes
Admitir o fracasso
Eu estava dentro do carro em frente à escola da minha filha, aguardando a aula dela terminar. A rua é bastante congestionada no final da manhã. Foi então que uma mulher chegou e começou a manobrar para estacionar o seu carro numa vaga ainda livre. Reparei que seu carro era grande para o tamanho da vaga, mas, vá saber, talvez ela fosse craque em baliza.
Tentou entrar de ré, não conseguiu. Tentou de novo, e de novo não conseguiu. E de novo. E de novo. Por pouco não raspou a lataria do carro da frente, e deu umas batidinhas no de trás que eu vi. Não fazia calor, mas ela suava, passava a mão na testa, ou seja, estava entregando a alma para tentar acomodar sua caminhonete numa vaga que, visivelmente, não servia. Ou, se servisse, haveria de deixá-la entalada e com muita dificuldade de sair dali depois. Pensei: como é difícil admitir um fracasso e partir para outra.
Para quem está de fora, é mais fácil perceber quando uma insistência vai dar em nada – e já não estou falando apenas em estacionar carros em vagas minúsculas, mas em situações variadas em que o “de novo, de novo, de novo” só consegue fazer com que a pessoa perca tempo. Tudo conspira contra, mas a criatura teima na perseguição do seu intento, pois não é do seu feitio fracassar.
Ora, seria do feitio de quem?
Todas as nossas iniciativas pressupõem um resultado favorável. Ninguém entra de antemão numa fria: acreditamos que nossas atitudes serão compreendidas, que nosso trabalho trará bom resultado, que nossos esforços serão valorizados. Só que às vezes não são. E nem é por maldade alheia, simplesmente a gente dimensionou mal o tamanho do desafio. Achamos que daríamos conta, e não demos. Tentamos, e não rolou. “De novo!”, ordenamos a nós mesmos – e, ok, até vale insistir um pouquinho.
Só que nada. Outra vez, e nada. Até quando perseverar? No fundo, intuímos rapidinho que algo não vai dar certo, mas é incômodo reconhecer um fracasso, ainda mais hoje em dia, em que o sucesso anda sendo superfaturado por todo mundo. Só eu vou me dar mal? Nada disso. De novo!
De-sis-ta. É a melhor coisa que se pode fazer quando não se consegue encaixar um sonho em um lugar determinado. Se nada de positivo vem desse empenho todo, reconheça: você fez uma escolha errada. Aprender alemão talvez não seja para sua cachola. Entrar naquela saia vai ser impossível. Seu namorado não vai deixar de ser mulherengo, está no genoma dele. Você irá partir para a oitava tentativa de fertilização?
Adote. E em vez de alemão, tente aprender espanhol. Troque a saia
apertada por um vestido soltinho. Invista em alguém que enxergue a vida do seu mesmo modo, que tenha afinidades com seu jeito de ser. Admitir um fracasso não é o fim do mundo. É apenas a oportunidade que você se dá de estacionar seu carro numa vaga mais fácil e que está logo ali em frente, disponível.
(Martha Medeiros)
Bacana demais, não é?rs
Um beijo em todos e até a próxima!
Sheila Guedes
Entrevista da Thalita Rebouças:
https://www.youtube.com/watch?v=u8pH9gIJJic
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